Cá nos encontramos, mais uma vez, enquanto você me lê e eu tento me fazer entender. Quero dizer que essa tem sido uma das grandes batalhas que eu tenho enfrentado. Confesso que ando um tanto quanto cansada de perceber os seres humanos todos olhando para mim do mesmo modo que cães inclinam a cabeça quando não entendem alguma coisa enquanto tentam me entender. Enquanto tentam entender o que eu penso, o que eu ouço, o que digo, o que sou. Ando farta dessa necessidade que tenho de dar explicações. Não por conta das pessoas, não é esse o ponto. O que me deixa maluca é perceber que eu não vejo ninguém precisando explicar o que vive, enquanto eu preciso explicar por que gosto do meu do meu cabelo afro ou algo assim. Não são elas que me sufocam ou me oprimem, mas eu mesma nessa constante necessidade de mostrar o quão boa e aceitável sou. Na realidade tento mascarar minha verdadeira face 24h por dia.
Mais uma vez, o problema não está nas pessoas. Não são elas que me deixam encucada. Sou eu! Sim. Será mesmo que eu sou tão excêntrica ao ponto de não conseguir expressar a essência que eu carrego? Eu não sei se é o contexto social, se sou eu mesma, se é a posição do Sol… Mas a sensação de incompreensão tem me acompanhado constantemente. Não sentir-se adequada, ou sei lá eu.
Ouço canções que ninguém ouve, cheias de instrumentos e/ou clássicas demais, que se você não for forte o suficiente, pode cair num sono profundo. Penso sobre coisas que ninguém pensa, como a composição de garrafas plásticas e por que bebemos leite de vaca se não nascemos de uma vaca. Falo sobre assuntos que ninguém (aparentemente) está afim de conversar e desinteressam as pessoas muito facilmente. Entro em discussões que, pra mim, não fazem sentido algum enquanto queria debater sobre qualquer outra coisa, como a criatividade exagerada de Deus em criar diferentes espécies de árvores. É realmente complicado viver desse jeito sozinha, apesar de saber que eu não estou tão sozinha assim.
Descobrir quem sou tem me gerado uma dor tão profunda que chego a pensar que não vou aguentar. Eu sei que Ele está perto, quase que palpável e mesmo assim percebo que longe, muito longe está.
Queria poder contar sobre o quão precioso é ouvir a gargalhada de Deus quando eu faço palhaçadas. No entanto, nunca fui capaz de enxerga-lo íntimo assim! Queria ter o privilégio de dizer a Ele “eu Te amo” e sentir que Ele sabe exatamente o peso de cada uma dessas palavras sem precisar que eu explique absolutamente nada. Nem uma linha a mais, nem uma entonação diferente. Eu nunca tive essa oportunidade porque nem sei se de fato eu consigo amar alguém. Queria que Ele soubesse como sofro com seu silêncio. Queria que não houvesse nenhuma falha de interpretação, ou ponta de dúvida entre nós!
Para isso nao tem explicação! O jeito é mergulhar fundo.